A Educação e a palmatória

Às vezes me lembro dessa época em que a palmatória era não só o vermelhidão deixado na mão do infeliz aluno, mas também o estilo ainda enraizado do regime militar.
Os professores, principalmente os de matemática, traziam consigo, além do giz e apagador, esse instrumento de suplício (sic), feita da mais nobre madeira, ou de qualquer pedaço de pau mesmo: o importante era temer.
Muitos a chamam de instrumento de tortura. Mas isso com os olhos de hoje. Naqueles tempos, era perfeitamente aceitável. Nunca vi um pai ou mãe reclamar que seu filho tinha sido maltratado no colégio por conta do uso da palmatória. Aliás, todos concordavam com o método. Meu pai então ...
Certa vez, numa seção de tabuada, utilizando uma régua como palmatória, a professora me fez a pergunta e errei o resultado. Ao receber a pena, exclamei: 'nem doeu' (por que fiz isso). Ela saiu e retornou com uma palmatória absurdamente pesada da qual fui o primeiro a experimentar.

A boa palmatória tinha que ter os furos.
Fatos da vida. Posteriormente, meu pai, marceneiro, fez uma, bonita por sinal, e tive de entregar a ela.
Hoje, esses alunos da época sofrida da palmatória, são médicos, juízes, professores, executivos, empresários, policiais, padres. Enfim, pessoas de bem, que souberam aproveitar a rigidez escolar da nossa infância.
Cada fato é fruto do seu tempo. Já não serve para os dias atuais. Mas devemos buscar formas novas de mostrar a nossos alunos, nossos filhos, os valores que devem reger a sociedade futura.


Por Harlen Gomes Magalhães

0 comments:

Postar um comentário